Para o resto da minha vida

Existem coisas pequenas e grandes, coisas que levarei para o resto de minha vida.Talvez sejam poucas, quem sabe sejam muitas, irá depender da vida que levei, levo e levarei. Levarei lembranças, coisas que sempre serão inesquecíveis para mim, coisas que me marcaram, que mexeram com a minha existência em algum instante. Provavelmente irei pela vida afora colecionando essas coisas, colocando em ordem de grandeza cada detalhe que foi, para mim, importante, cada momento que interferiu nos meus dias, que deixou marcas, cada instante que foi cravado no meu peito como uma tatuagem.Marcas, isso... Serão marcas, umas mais profundas, outras superficiais, porém com algum significado também. Serão detalhes que guardarei dentro de mim e que se eu contar a terceiros talvez não tenha a menor importância, pois só eu sei o quanto foi incrível vivê-los. Poderá ser uma música, quem sabe um livro, talvez uma poesia, uma carta, um e-mail, uma viagem, uma frase que alguém me tenha dito num momento certo. Poderá ser um raio de sol, uma palavra amiga num momento preciso... Talvez venha a ser um sentimento que foi abandonado, uma decepção, a perda de alguém querido, um certo encontro casual, um desencontro proposital. Quem sabe uma amizade incomparável, um sonho que foi alcançado após muita luta, um desejo que deixou de existir por puro fracasso.Pode ser simplesmente um instante, um olhar, um sorriso, um perfume, um beijo.Para o resto de minha vida levarei pessoas guardadas dentro de mim. Umas porque me dedicaram um carinho enorme, outras porque me despertaram amor, ainda outras por terem me magoado profundamente. Quem sabe há algumas que deixarão marcas profundas por terem sido tão rápidas na minha vida e terem conseguido, ainda assim, plantar dentro de mim tanta coisa boa.
Lá na frente é que poderei realmente saber a qualidade de vida que tive, a quantidade de marcas que consegui carregar comigo e a riqueza que cada uma delas guardou dentro de mim.Bem lá na frente é que poderei avaliar do que exatamente foi feita a minha vida, se de amor ou de rancor, se de alegrias ou tristezas, se de vitórias ou derrotas, se de ilusões ou realidades. Penso sempre que hoje é só o começo de tudo, que se houver algo errado ainda está em tempo de ser mudado e que o resto de nossas vidas de certa forma ainda está em nossas mãos. Acredito que a felicidade não é um estado que permanece, ela é sentida em momentos únicos e por um tempo limitado. Portanto, é nosso dever buscá-la sempre, deixá-la permanecer enquanto fizer sentido, deixá-la ir embora quando necessário e sentir o vazio que se faz presente. Pois, só assim, na presença da ausência da felicidade, é que podemos novamente recomeçar a busca, aprendendo o significado das palavras perda, sofrimento, dificuldade, força, satisfação, crescimento, amadurecimento, conquista, realização, etc.
Podemos escolher ficar no vazio, na sombra, sem arriscar nada, sem correr perigo, sem medo de nos machucar ou fracassar, sem grandes emoções, sem experimentar sair da acomodação, sem sentir aquele frio na barriga.
Outra possibilidade é escolher o inverso: VIVER